Nos últimos anos, diversas tecnologias foram disponibilizadas a nível de campo aos produtores para o controle de insetos-praga tanto para cultura do milho quanto para a soja, principalmente os Lepidópteros.
Entretanto, ainda não possuímos nenhuma tecnologia para o controle percevejos (Hemiptera), considerados um dos principais insetos-praga sugadores para as referidas culturas.
Os percevejos podem ocasionar vários tipos de danos e distúrbios fisiológicos às plantas de soja e milho, como por exemplo:
- Comprometimento do estande ideal com redução do número de plantas;
- Retardo no desenvolvimento das plantas, o que consequentemente implica no surgimento de plantas dominadas;
- Redução do peso de grãos, devido a alimentação direta de grãos;
- Murcha e má formação de vagens;
- Desequilíbrio na uniformidade de maturação, com existência de plantas verdes durante o processo de colheita, entre outros…
Todos estes danos afetam diretamente a produtividade e qualidade de grãos, ocasionando prejuízo econômico à cadeia produtora.
O manejo de percevejos passa obrigatoriamente pelo manejo integrado de pragas e, por este fato, é muito importante o conhecimento do histórico de ocorrências da área, do cronograma de culturas, do manejo realizado e, principalmente, da identificação das espécies de percevejos.
A família Pentatomidae é a que apresenta os principais percevejos sugadores de plantas e grãos, entre eles encontramos os percevejos Nezara viridula, Piezodorus guildinii, Euschistus heros, Dichelops melacanthus e Dichelops furcatus, entre outros.
Percevejos da família Cydnidae, conhecidos como percevejo-castanho, também são importantes, pois ocasionam danos ao sistema radicular das plantas.
A intensidade de ataque e danos ocasionados por percevejos varia de uma safra para outra, e isto se deve a algumas características das espécies desta praga, que associadas a fatores de ordem ambiental e de manejo da lavoura promovem uma variação de amplitude da população de percevejos.
Vejamos algumas características e fatores ambientais que favorecem a sobrevivência, desenvolvimento e multiplicação dos percevejos:
- Os percevejos são polífagos e se alimentam de uma grande gama de hospedeiros, ou seja, se alimentam de várias culturas;
- Apresentam um período de suspensão do seu desenvolvimento chamado de diapausa. Este período é causado por fatores bióticos e/ou abióticos que permitem ao inseto sobreviver a um período adverso;
- O desenvolvimento e multiplicação dos percevejos é favorecido por temperaturas elevadas;
- Culturas de cobertura, restos culturais e plantas daninhas são locais que permitem a sobrevivência e a multiplicação das espécies de percevejos;
- Lavouras mal manejadas e sem monitoramento antes da dessecação favorecem o aumento populacional do inseto-praga.
Estratégias de manejo para o controle de percevejos na lavoura
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- Controle químico:
- Se necessário, utilizar inseticidas de contato na dessecação;
- O Tratamento de Sementes Industrial (TSI) a base de neonicotinoides é uma das melhores ferramentas contra sugadores e deve ser utilizado como ferramenta no manejo de insetos sugadores;
- Verificar a seletividade no uso de inseticidas, seja de contato ou sistêmicos;
- Utilizar armadilhas químicas na entressafra para reduzir a população.
- Controle químico:
Uma das maiores dificuldades no manejo químico é a tecnologia de aplicação, uma vez que a praga é muito móvel e pode se esconder sob a palha nos períodos mais quentes do dia.
Os inseticidas mais utilizados são uma mistura de piretroide + neonicotinoide que, quando empregados conforme a recomendação e aplicados nas horas do dia onde há maior movimentação do inseto, apresentam bons resultados de controle.
- Controle alternativo:
- O plantio de variedades de menor grupo de maturação, por ser as primeiras plantadas e ter um menor período crítico, tendem a apresentar menores perdas e pode ser uma forma de controle alternativo.
- Controle biológico:
- Integrado em termos de sustentabilidade e preservação ambiental, o controle biológico é uma das opções que vem sendo adotadas em algumas regiões, com o uso de agentes biológicos, seja de forma natural ou aplicada;
- É um processo coevolutivo com interação entre os percevejos alvos da cultura, organismos entomopatógenos e parasitóides visando equilibrio do sistema.
- Os principais agentes biológicos encontrados em lavouras são os parasitóides que atacam ovos de divesos pecevejos. Entre estes agentes, as espécies mais abundantes são a Telenomus podisi (Ahsmead) e Trissolcus basalis (Wollaston). Algumas espécies demostram preferência, como é o caso de T. podisi, em relação a ovos de E. heros, e de T. basalis em relação a ovos de N. viridula.
Período crítico e monitoramento
Soja
Na cultura da soja, o período crítico para a presença de percevejos na lavoura compreende as fases de enchimento de grãos. Assim, o monitoramento deve iniciar no começo do período de pré-floração e se estender até a maturação fisiológica.
As amostragens feitas na lavoura devem ser periódicas e, para isso, normalmente é recomendado utilizar um pano-de-batida em um metro de fileira, e após contar os insetos.
Lembrando que os insetos entre o 3º e o 5º instar e os adultos, são os causadores de danos.
A atenção deve ser redobrada quando as áreas vizinhas de soja estiverem em fase de maturação ou colheita, pois pode ocorrer a migração dos insetos.
Milho
O período crítico da cultura do milho é a fase inicial de desenvolvimento das plantas (V1-V4).
Em lavouras de milho safrinha o monitoramento deve ser iniciado ainda na cultura anterior (soja), utilizando de pano-de-batida, para possíveis ações de redução da população ainda na cultura da soja.
Nas áreas de milho verão, o monitoramento pré-plantio é mais difícil, uma vez que, os insetos tendem a estar escondidos sob a palha ou em plantas hospedeiras, em diapausa.
É possível realizar contagens diretas na palhada antes do plantio de milho na safra verão, mas tendem a ser mais difíceis devido a quantidade de palha e ao tempo necessário.
Outra alternativa é o uso de iscas de soja umedecidas com sal. Para isto:
- Umedeça um pouco de soja;
- Adicione um pouco de sal;
- Distribua em dez porções no talhão;
- No dia seguinte, prossiga a avaliação das iscas que possuem o inseto.
O monitoramento logo após a emergência das plantas deve ser intensificado:
- 1 percevejo vivo a cada 10 plantas amostradas na linha e em sequência, indica a necessidade de efetuar o controle químico;
- Reavaliar depois de 5 a 7 dias e, encontrando 1 percevejo vivo a cada 10 plantas amostradas na linha e em sequência, fazer o controle novamente;
- Utilizar produtos nas doses recomendados pelo Ministério da Agricultura;
- Evitar aplicações nas horas mais quentes do dia ou em dias chuvosos;
- Em situações de excesso de chuva redobrar a atenção até 10 dias após a emergência.
Fonte: Pioneer Sementes