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3 Estratégias de Manejo para o Controle de Percevejos nas Culturas do Milho e da Soja

Nos últimos anos, diversas tecnologias foram disponibilizadas a nível de campo aos produtores para o controle de insetos-praga tanto para cultura do milho quanto para a soja, principalmente os Lepidópteros.

Entretanto, ainda não possuímos nenhuma tecnologia para o controle percevejos (Hemiptera), considerados um dos principais insetos-praga sugadores para as referidas culturas.

Os percevejos podem ocasionar vários tipos de danos e distúrbios fisiológicos às plantas de soja e milho, como por exemplo:

  • Comprometimento do estande ideal com redução do número de plantas;
  • Retardo no desenvolvimento das plantas, o que consequentemente implica no surgimento de plantas dominadas;
  • Redução do peso de grãos, devido a alimentação direta de grãos;
  • Murcha e má formação de vagens;
  • Desequilíbrio na uniformidade de maturação, com existência de plantas verdes durante o processo de colheita, entre outros…

Todos estes danos afetam diretamente a produtividade e qualidade de grãos, ocasionando prejuízo econômico à cadeia produtora.

O manejo de percevejos passa obrigatoriamente pelo manejo integrado de pragas e, por este fato, é muito importante o conhecimento do histórico de ocorrências da área, do cronograma de culturas, do manejo realizado e, principalmente, da identificação das espécies de percevejos.

A família Pentatomidae é a que apresenta os principais percevejos sugadores de plantas e grãos, entre eles encontramos os percevejos Nezara viridula, Piezodorus guildinii, Euschistus heros, Dichelops melacanthus e Dichelops furcatus, entre outros.

Percevejos da família Cydnidae, conhecidos como percevejo-castanho, também são importantes, pois ocasionam danos ao sistema radicular das plantas.

A intensidade de ataque e danos ocasionados por percevejos varia de uma safra para outra, e isto se deve a algumas características das espécies desta praga, que associadas a fatores de ordem ambiental e de manejo da lavoura promovem uma variação de amplitude da população de percevejos.

Vejamos algumas características e fatores ambientais que favorecem a sobrevivência, desenvolvimento e multiplicação dos percevejos:

  • Os percevejos são polífagos e se alimentam de uma grande gama de hospedeiros, ou seja, se alimentam de várias culturas;
  • Apresentam um período de suspensão do seu desenvolvimento chamado de diapausa. Este período é causado por fatores bióticos e/ou abióticos que permitem ao inseto sobreviver a um período adverso;
  • O desenvolvimento e multiplicação dos percevejos é favorecido por temperaturas elevadas;
  • Culturas de cobertura, restos culturais e plantas daninhas são locais que permitem a sobrevivência e a multiplicação das espécies de percevejos;
  • Lavouras mal manejadas e sem monitoramento antes da dessecação favorecem o aumento populacional do inseto-praga.

Estratégias de manejo para o controle de percevejos na lavoura

    1. Controle químico:
      • Se necessário, utilizar inseticidas de contato na dessecação;
      • O Tratamento de Sementes Industrial (TSI) a base de neonicotinoides é uma das melhores ferramentas contra sugadores e deve ser utilizado como ferramenta no manejo de insetos sugadores;
      • Verificar a seletividade no uso de inseticidas, seja de contato ou sistêmicos;
      • Utilizar armadilhas químicas na entressafra para reduzir a população.

 

Uma das maiores dificuldades no manejo químico é a tecnologia de aplicação, uma vez que a praga é muito móvel e pode se esconder sob a palha nos períodos mais quentes do dia.

Os inseticidas mais utilizados são uma mistura de piretroide + neonicotinoide que, quando empregados conforme a recomendação e aplicados nas horas do dia onde há maior movimentação do inseto, apresentam bons resultados de controle.

  1. Controle alternativo:
    • O plantio de variedades de menor grupo de maturação, por ser as primeiras plantadas e ter um menor período crítico, tendem a apresentar menores perdas e pode ser uma forma de controle alternativo.
  2. Controle biológico:
    • Integrado em termos de sustentabilidade e preservação ambiental, o controle biológico é uma das opções que vem sendo adotadas em algumas regiões, com o uso de agentes biológicos, seja de forma natural ou aplicada;
    • É um processo coevolutivo com interação entre os percevejos alvos da cultura, organismos entomopatógenos e parasitóides visando equilibrio do sistema.
    • Os principais agentes biológicos encontrados em lavouras são os parasitóides que atacam ovos de divesos pecevejos. Entre estes agentes, as espécies mais abundantes são a Telenomus podisi (Ahsmead) e Trissolcus basalis (Wollaston). Algumas espécies demostram preferência, como é o caso de T. podisi, em relação a ovos de E. heros, e de T. basalis em relação a ovos de N. viridula.

Período crítico e monitoramento

Soja

Na cultura da soja, o período crítico para a presença de percevejos na lavoura compreende as fases de enchimento de grãos. Assim, o monitoramento deve iniciar no começo do período de pré-floração e se estender até a maturação fisiológica.

 

As amostragens feitas na lavoura devem ser periódicas e, para isso, normalmente é recomendado utilizar um pano-de-batida em um metro de fileira, e após contar os insetos.

Lembrando que os insetos entre o 3º e o 5º instar e os adultos, são os causadores de danos.

A atenção deve ser redobrada quando as áreas vizinhas de soja estiverem em fase de maturação ou colheita, pois pode ocorrer a migração dos insetos.

Milho

O período crítico da cultura do milho é a fase inicial de desenvolvimento das plantas (V1-V4).

Em lavouras de milho safrinha o monitoramento deve ser iniciado ainda na cultura anterior (soja), utilizando de pano-de-batida, para possíveis ações de redução da população ainda na cultura da soja.

 

Nas áreas de milho verão, o monitoramento pré-plantio é mais difícil, uma vez que, os insetos tendem a estar escondidos sob a palha ou em plantas hospedeiras, em diapausa.

É possível realizar contagens diretas na palhada antes do plantio de milho na safra verão, mas tendem a ser mais difíceis devido a quantidade de palha e ao tempo necessário.

Outra alternativa é o uso de iscas de soja umedecidas com sal. Para isto:

  1. Umedeça um pouco de soja;
  2. Adicione um pouco de sal;
  3. Distribua em dez porções no talhão;
  4. No dia seguinte, prossiga a avaliação das iscas que possuem o inseto.

O monitoramento logo após a emergência das plantas deve ser intensificado:

  • 1 percevejo vivo a cada 10 plantas amostradas na linha e em sequência, indica a necessidade de efetuar o controle químico;
  • Reavaliar depois de 5 a 7 dias e, encontrando 1 percevejo vivo a cada 10 plantas amostradas na linha e em sequência, fazer o controle novamente;
  • Utilizar produtos nas doses recomendados pelo Ministério da Agricultura;
  • Evitar aplicações nas horas mais quentes do dia ou em dias chuvosos;
  • Em situações de excesso de chuva redobrar a atenção até 10 dias após a emergência.

 

Fonte: Pioneer Sementes