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Efeito das tecnologias de soja nas lagartas do complexo Spodoptera

A tecnologia Intacta 2 Xtend, com lançamento previsto na safra 21/22, promete controlar a nova vilã da plantação de soja, a lagarta S. cosmioides.

A primeira variedade de soja lançada no Brasil através da aplicação da biotecnologia foi a soja RR (resistente ao herbicida glifosato), em 1998. Devido a maior facilidade no controle das plantas daninhas, essa tecnologia foi aceita e adotada rapidamente por grande parte dos produtores. No entanto, qual impacto secundário poderia ocorrer concomitantemente à tecnologia?

Cerca de dez anos após o lançamento da primeira variedade transgênica (RR), foram iniciados os testes com a soja Bt no Brasil. A tecnologia Intacta, que tem como alvo as lagartas Anticarsia gemmatalis (lagarta-da-soja), Chrysodeixis includens (lagarta-falsa-medideira), Chloridea virescens (lagarta-das-macas) e Epinotioa aporema (broca-das-axilas), consideradas, naquele momento, as principais pragas da cultura da soja, não mira a lagarta do complexo Spodoptera. A eficiência para este último controle é baixa.

Estudos reportaram casos de sistemas tradicionais de cultivo com emprego de herbicidas que afetavam os insetos de diferentes formas, como redução de predação e parasitismo de espécies como Trichogramma spp., importante parasitoide de ovos de Lepidoptera (dos quais eclodem as lagartas desfolhadoras), inclusive do gênero Spodoptera. Essa redução se dá por diversos fatores como a maior mortalidade dos inimigos naturais e até mesmo a repelência dos inimigos naturais pelos agroquímicos. A consequência lógica para essa diminuição na mortalidade natural no agroecossistema foi aumento no número de pragas nas lavouras.

Ecologicamente falando, a proteção que a variedade transgênica promove contra as espécies alvo abriu uma lacuna de oportunidade para as lagartas do complexo Spodoptera, que não fazem parte do grupo alvo de controle. Menor competição por alimento e baixa pressão de seleção, tanto por parte da soja Bt, quanto pela redução das pulverizações com inseticidas, promoveram o crescimento populacional das lagartas Spodoptera nos campos de soja. Espécies como S. frugiperdaS. eridania e, principalmente, S. cosmioides começaram a causar danos severos em diversas regiões produtoras.

Apesar de todas pertencerem ao mesmo gênero, S. frugiperda, por ser praga primária da plantação de milho, cultura que é comumente alternada à da soja, está frequentemente presente nas lavouras (e em altos níveis populacionais). Ao passo que S. cosmiodes, mesmo não atingindo níveis populacionais tão altos quanto S. frugiperda, tem causado grandes prejuízos devido ao seu alto potencial de dano. Sendo o seu nível de controle na soja de 10 lagartas por metro, enquanto para outras espécies de importância na cultura, como a lagarta falsa-medideira (Chrysodeixis includens) e a lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis), esse nível dobra.

Tecnologia Intacta 2 Xtend

A mais nova tecnologia de soja, Intacta 2 Xtend, tem previsão de lançamento para a safra 2021/2022. Além de incluir um maior espectro de controle de plantas daninhas, essa tecnologia promete controlar a nova vilã da soja, a lagarta S. cosmioides.

Além disso, podemos encontrar a S. frugiperda na cultura do algodão, pois as altas infestações são resultado do modelo de agricultura utilizado no Cerrado, com sucessão de culturas hospedeiras dessa espécie (milho, soja e algodão). Essa espécie é um grande problema para algodão, por se alimentar das estruturas reprodutivas, causando dano direto ao produto comercial. Seu nível de controle nessa cultura é de 6-8% de plantas infestadas com pelo menos 1 lagarta.

Dificilmente uma tecnologia resolverá todos os problemas no campo, mas a combinação de diferentes ferramentas de controle permite manter o equilíbrio na lavoura, foco principal do Manejo Integrado de Pragas.

Fonte: site Basf