Notícia

Estratégias para um bom manejo de doenças

Com o crescente número de relatos sobre problemas de resistência em fungos, entender mais sobre as distintas formas de controle de doenças se torna essencial.

Com o crescente número de relatos sobre problemas de resistência em fungos, entender mais sobre as distintas formas de controle de doenças se torna essencial.

O uso em conjunto das ferramentas disponíveis para o controle de fitopatógenos é a base para sustentabilidade e diversificação dos sistemas de produção. Dentre tais ferramentas, deve ser dado um destaque maior aos manejos: varietal, cultural, biológico e químico, além das medidas de evasão temporal e espacial.

Controle varietal: uso de variedades resistentes/tolerantes ao ataque de determinados patógenos.

Controle cultural: uso de decisões fitotécnicas (época de semeadura/plantio, densidade de plantas e espaçamente entre fileiras) para minimização dos níveis de doenças em plantas.

Controle biológico: uso de outros microorganismos (fungos – Trichoderma; bactérias – Bacillus) para supressão de microorganismos fitopatogênicos.

Controle químico: uso de moléculas produzidas industrialmente no combate às doenças de plantas.

Evasão temporal e espacial: medidas legislativas regionais ou federais para evitar-se ou reduzir-se a presença de determinado patógeno (vazio sanitário em soja).

Dentre todos citados acima, sem dúvidas o controle químico é o mais utilizado. O uso de substâncias inorgânicas para controle de fitopatógenos desde 1807, quando o sulfato de cobre foi aplicado no tratamento de sementes de trigo contra uma doença conhecida como “cárie” (Tilletia caries). Porém, foi apenas em 1885 que houve a primeira divulgação de um produto inorgânico para manejo de problemas fitossanitários causados por fungos, com a conhecida “calda bordalesa”. Desde então, muito evolui-se quanto ao tema, e as primeiras moléculas orgânicas (ou seja, que apresentavam carbono em sua composição) foram lançadas em 1940. Muitas destas moléculas, assim como ocorre em inseticidas e herbicidas, foram descobertas na natureza, como é o caso da estrobilurina (a qual é produzida pelo fungo Strobilurus tenacellus), relatada pela primeira vez em 1977.

Dentro das variadas formas de classificação, os fungicidas podem ser separados em multissítios (isto é, os processos que inibem são comuns a várias rotas metabólicas, sendo também conhecidos como “de contato” ou “protetores”) ou sitíos específicos (ou seja, atuam em uma via metabólica no microorganismo causador da doença, sendo geralmente sistêmicos).

Os produtos com característica de sítios específicos possuem diversas vantagens em relação aos multissítios quanto ao período de duração da atividade antifúngica, efetividade no controle de patógenos após o estabelecimento da doença (para algumas moléculas), e menor impacto na microbiota benéfica. Contudo, o uso exacerbado de tais produtos vem causando perda de sensibilidade de diversos fungos à fungicidas em vários patossistemas, trazendo a tona uma série de problemas de manejo de resistência de doenças em inúmeros sistemas de produção. E são exatamente nestas situações que o uso de produtos multissítios se enquadram como ferramenta chave para o controle de patógenos com reduzida sensibilidade à determinados grupos químicos de fungicidas de sítios específicos.

O caso da ferrugem-asiática da soja é um bom exemplo, no qual o uso excessivo de triazóis e estrobilurinas causou a seleção de populações resistentes a estes dois grupos químicos em todo o território nacional. Tal fato serve de alerta para que sejamos muito criteriosos no uso das moléculas disponibilizadas mais recentemente no mercado para o manejo da doença, como as carboxamidas e a morfolina. O uso indiscriminados destas duas moléculas, sem um sistema que inclua a rotação com demais grupos químicos de sítios específicos e principalmente sem o uso de multissítios, com certeza condenará estes dois fungicidas em breve.

Portanto, lembre-se sempre de que, para permanecermos com boas ferramentas de sítios específicos disponíveis no mercado, devemos sempre associar o uso de multissítios. Fazendo isto, menores serão as chances de perda de sensibilidade dos patógenos aos fungicidas, mantendo um vasto leque de opções para rotação de produtos e controle de custo de produção.

Fonte: BLOG AGRO BASF

http://www.blogagrobasf.com.br/noticia?id=615