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Fique atento ao ataque de percevejos na cultura do milho

Nas últimas safras, além da lagarta-do-cartucho e da cigarrinha do milho, outro problema fitossanitário que tem preocupado os produtores são os constantes ataques de percevejos-praga.

Nesse post abordaremos as principais características do percevejo barriga verde, Dichelops melacanthus, espécie amplamente distribuída nas principais regiões produtoras de milho no Brasil, além de outros percevejos-praga que também ocorrem e que, igualmente, podem impactar negativamente na produtividade da cultura do milho.

 

Dichelops melacanthus – Percevejo-barriga-verde

 

Surgimento como praga no milho: O primeiro registro de ataque foi feito no município de Rio Brilhante/MS em 1993. Desde então sua importância vem aumentando, tendo como principais hipóteses para tal a intensificação dos cultivos “soja- milho” ou “algodão-milho” (pontes verdes, disponibilidade de alimento); a adoção do plantio direto (palha como abrigo e proteção); aparecimento de plantas invasoras de soja RR em áreas de milho RR (planta hospedeira) e a adoção do milho Bt (redução das pulverizações para lagarta do cartucho e o favorecimento de outras pragas).

 

Período crítico de ataque: Até os 30 dias após a emergência da cultura – período no qual o milho define seu potencial produtivo.

 

Danos e Sintomas: Nas folhas, ao desenrolá-las, observamos orifícios com halo amarelado dispostos em fileiras. Podemos observar, também, pontuações escuras nas folhas novas do cartucho. Além disso, um sintoma típico são as folhas presas, o que prejudica sua abertura normal – “encharutamento das folhas”. Casos mais extremos pode ocorrer a produção de perfilhos improdutivos ou até a morte da plântula ou a morte do cartucho central ou plântula.

 

Prejuízos econômicos: No ano de 2015 foi verificado no norte do estado do Paraná redução de, aproximadamente, 30% na produção. Entretanto, na literatura verificamos que os prejuízos podem variar de 25% até 100% de perda, sendo que para cada percevejo/metro podem ocorrer perdas de até 248,44 kg/ha de milho.

 

Monitoramento: Pode ser feita a contagem direta dos percevejos por unidade de área (m², metro linear). O uso de iscas atrativas de soja umedecida na proporção de 10 iscas/talhão é uma alternativa de armadilha para detectar a densidade populacional. Ao instalá-las e verificarmos que até 2 iscas/talhão conseguiram atraíram percevejos, o nível é considerado baixo, sem necessidade de medidas de controle. No entanto, se 3 a 5 armadilhas atraíram percevejos o nível é considerado moderado e deve-se optar pelo tratamento de sementes (TS) ou pulverizações foliares. Já quando acima de 5 iscas com a presença de Dichelops spp. o nível é alto e deve-se pulverizar antes da semeadura (dessecação) associado ao TS.

 

Nível de Controle (NC): Na literatura verifica-se NC de 0,6 a 2,0 percevejos/m².

 

Estratégias de MIP: O TS com inseticidas sistêmicos do grupo químico dos neonicotinoides tem apresentado os melhores resultados quando comparado com o uso de inseticidas na dessecação ou em aplicações foliares tardias. Essas, quando são feitas aos 7 dias ou mais após a emergência das plantas de milho, por exemplo, os danos de ataque são irreparáveis. Assim, o ideal é minimizar o período de convivência entre a praga e a cultura durante os 30 primeiros dias após a emergência das plantas. Em situações de alta infestação, recomenda-se o TS associado a pulverizações foliares logo após a emergência das plantas, no máximo até os 2 ou 3 DAE.

 

CUIDADO!!!: Caso sejam necessárias aplicações foliares no início do desenvolvimento da cultura, deve-se priorizar inseticidas seletivos a inimigos naturais. Além disso, outras práticas do MIP como o uso de culturas iscas, rotação de culturas (não-hospedeiras), eliminação de plantas daninhas (hospedeiras), uso de cultivares resistentes, são igualmente importantes como o controle químico.

 

Outros percevejos-praga da cultura do milho

Assim como o percevejo-barriga-verde, outras espécies de percevejos como o percevejo-marrom da soja, Euschistus heros, o percevejo verde pequeno, Piezodorus guildinni, também ocorrem na fase inicial da cultura do milho. Entretanto os danos são bem menos significativos a cultura quando comparado ao do percevejo barriga verde.

 

Diferente dessas espécies citadas, outra espécie importante é o percevejo-gaúcho do milho, Leptoglossus zonatus, ou percevejo boiadeiro, que ocorre em fase final da cultura (fase reprodutiva – formação das espigas) . O seu dano se dá através do ataque da praga nas espigas, perfurando a palha e atingindo os grãos (perda de massa – redução da produtividade). Danos indiretos também são notados e estão associados a algumas podridões (doenças) da espiga como: Fusarium spp, Penicillium spp e Cephalosporium spp.

 

Fonte: BLOG AGRO BASF

http://www.blogagrobasf.com.br/noticia?id=731