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Oídio (Blumeria graminis f. sp. tritici) em Trigo

O oídio do trigo (Triticum aestivum), é causado pelo fungo biotrófico Blumeria graminis f. sp. tritici, destacando-se como uma das principais doenças da cultura. Essa doença de faz presente em todas as regiões tritícolas do mundo, especialmente naquelas localizadas sob clima temperado, como na Região Sul do Brasil, nas demais regiões é importante nos cultivos sob irrigação. Costamilan (2020), destaca que o oídio costuma ser a primeira doença fúngica a aparecer durante a estação de cultivo do trigo.

Figura 1. Trigo com sintomas de oídio (Blumeria graminis tritici).

Os primeiros sintomas da doença, conforme destacam Santana et al. (2012), podem ser observados ainda na fase inicial do ciclo de desenvolvimento da cultura, antes mesmo do perfilhamento. O crescimento micelial do fungo sobre as folhas manifesta-se sob aspecto de pó branco ou cinza, enquanto sob o micélio, a folha apresenta coloração amarelada. Além de das folhas, a doença pode afetar também as espigas e aristas em cultivares suscetíveis, os esporos, que se desprendem com facilidade, são capazes de alcançar grandes distâncias transportados pelo vento. Quando em ataques intensos, as estruturas do patógeno podem cobrir a planta inteira, desde a sua base até as espigas (Reis et al., 1997).

De acordo com Santana et al. (2012), durante o período entressafra, o inóculo permanece presente em plantas de trigo voluntárias, quando as condições são propícias, um ciclo completo da doença pode ocorrer em apenas 5 dias. As condições que favorecem o desenvolvimento da doença são temperaturas moderadas, geralmente entre 15° C e 20 ° C, e a ausência de água livre. Embora, Costamilan (2020) afirme que é possível que ocorra a germinação dos esporos em uma faixa de temperatura entre 3° C e 31° C, acompanhada de alta umidade relativa do ar, variando entre 85% e 100%.

Além disso, a germinação, a infecção e a produção de novos conídios são completadas entre 5 e 25 dias, levando a vários ciclos consecutivos da doença em uma mesma safra, as epidemias de oídio no trigo, tendem a se manifestar em condições de clima seco e úmido, frequentemente acompanhadas de ventos que asseguram a disseminação do inóculo.

Figura 2. Ciclo de vida de Blumeria graminis f. sp. tritici, agente causal de oídio em trigo.

Os danos dependem do local, do clima, da suscetibilidade da cultivar e do estádio em que a doença incide sobre a cultura, as maiores perdas, conforme Cunha & Caierão (2023), são observadas em cultivares suscetíveis quando ocorrem nos estádios de afilhamento e emborrachamento. Além disso, Costamilan et al. (2022), destacam que quando a doença ocorre em estádios iniciais de desenvolvimento da planta, o principal componente de rendimento afetado é o número de espigas por área, já quando ocorre em estádios mais tardios, os componentes de produtividade afetados são o número e tamanho de grãos por espiga.

Em anos normais, pode acarretar perdas que variam de 5% a 8% na produção de grãos, já em anos com clima favorável ao desenvolvimento da doença, pode reduzir de 15% a 62% a produção de grãos no trigo (Costamilan, 2021). Conforme Cunha & Caierão (2023), o desequilíbrio nutricional, tanto o excesso quanto a falta, podem deixar as plantas suscetíveis à ocorrência de infecções e ao ataque de patógenos, podendo agravar a intensidade de epidemias, nesse caso, o excesso de nitrogênio no trigo pode favorecer a ocorrência da doença.

Figura 3. Escala de avaliação de severidade de oídio em trigo.

Algumas estratégias de manejo devem ser adotadas em conjunto para o manejo do oídio na cultura do trigo, o uso de cultivares resistentes é a principal medida que deve ser preconizada. É importante eliminar os restos culturais e plantas voluntárias presentes nas áreas de cultivo, pois estas servem como fonte de inóculo para o desenvolvimento da doença. Para cultivares suscetíveis, recomenda-se o tratamento de sementes com fungicida, o qual vai oferecer proteção às plantas em torno de 45 a 60 dias após a emergência. Quando houver a necessidade de aplicação aérea, esta deve ser realizada quando a incidência foliar for de 20% a 25 % a partir do estádio de alongamento (Costamilan, 2021).

Figura 4. Eficácia de práticas de manejo para oídio em trigo.

Além disso, Santana et al. (2012), destacam que semeaduras precoces na região Sul do Brasil podem contribuir para a redução da incidência da doença, pois as plântulas ficam expostas a menor quantidade de inóculo em seu estádio mais suscetível, que é o início do desenvolvimento da cultura.

Fonte: Mais Soja