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Qual a importância do Fósforo (P) para o Milho?

O milho (Zea mays) é uma planta da família Gramineae e é o cereal mais produzido no mundo e o segundo mais produzido no Brasil, ficando atrás apenas da soja. Sua importância, conforme destacado por Duarte & Garcia (2021), é caracterizada pelas diversas formas de uso, que vai desde a alimentação animal até a indústria de alta tecnologia.

De acordo com a CONAB (2023), a área cultivada na safra 2022/23 foi de 22.156,6 milhões de hectares, com produção de 127.767 milhões de toneladas e 5.767 Kg por hectare de produtividade, houve um aumento de 12,9% na produção do grão em relação à safra anterior. A exportação representa cerca de 37,5% da produção e o restante é destinada ao mercado interno.

Muitos fatores influenciam na produtividade das plantas, e sem dúvida a nutrição é essencial para proporcionar às plantas os nutrientes de acordo com suas exigências nutricionais. Segundo Coelho & França (1995), as necessidades nutricionais de uma planta são determinadas pela quantidade de nutrientes que esta extrai durante o seu ciclo, tal extração depende do rendimento que se pretende obter e da concentração de nutrientes nos grãos e na palhada.

Tabela 1. Extração média de nutrientes pela cultura do milho destinada à produção de grãos e silagem em diferentes níveis de produtividade.

Conforme Vasconcellos et al. (2015), o fósforo é a moeda energética da planta, através de seus compostos orgânicos, a energia caminha e se acumula nos tecidos da planta. O International Plant Nutrition Institute (IPNI) afirma que o fósforo está presente em todas as células vivas, sendo essencial para o crescimento e desenvolvimento da planta. O fósforo (P), é um dos elementos móveis na planta, assim como o Nitrogênio (N), Potássio (K) e o Magnésio (Mg), sendo assim, a deficiência desse nutriente é observada em folhas mais velhas devido a redistribuição de P na planta para as partes mais jovens. Esses nutrientes são classificados como macronutrientes devido ao fato de serem requeridos em quantidades relativamente altas pelas plantas.

De acordo com Taiz & Zieger (2017), os sintomas característicos de deficiência de fósforo incluem o crescimento atrofiado da planta inteira e uma coloração verde-escura das folhas, que podem ser malformadas e conter pequenas áreas de tecido morto denominadas manchas necróticas. Sintomas adicionais da deficiência de fósforo incluem a produção de caules delgados (mas não lenhosos) e a morte das folhas mais velhas, além disso, a maturação da planta também pode ser retardada (Taiz & Zeiger, 2017).

O IPNI, destaca que o sintoma de deficiência de fósforo no milho é a presença de coloração roxa ou avermelhada nas folhas mais baixas e nos caules, a deficiência é associada ao acúmulo de açúcares, especialmente em épocas de temperaturas amenas, além desses sintomas, a deficiência de fósforo nas plantas pode causar a redução de produtividade, qualidade, valor e rentabilidade.

Figura 1. Sintomas de deficiência de Fósforo (P) em milho.

Conforme Fancelli & Almeida (2015), a resposta ao fósforo é influenciada por diversos fatores, tais como a produtividade esperada, a disponibilidade de água no sistema, a fertilidade atual do solo e da quantidade de N aplicada ou disponível no solo. Os autores ressaltam que em solos com menos de 7 mg dm3 de P (resina), é pouco provável que o potencial de produção de grãos seja superior a 8000 Kg ha-1. Além disso, apesar de as quantidades de P absorvidas no início do ciclo do milho serem consideradas pequenas, a concentração do elemento na rizosfera, especialmente nos estádios iniciais até V6, pode restringir o crescimento das raízes.

Embora as exigências em fósforo sejam em quantidades bem menores do que as em nitrogênio e em potássio, Coelho (2006) afirma que as doses normalmente recomendadas são altas, devido à baixa eficiência, sendo de 20 a 30% de aproveitamento do nutriente pela cultura, isso ocorre devido a alta capacidade de fixação do P adicionado ao solo através de mecanismos de adsorção e precipitação, reduzindo sua disponibilidade às plantas. No que se refere à exportação dos nutrientes nos grãos, o fósforo é quase todo translocado para as sementes de 80 a 90% (Coelho & França, 1995).

A disponibilidade de fósforo para as plantas é influenciada por diversos fatores do solo, conforme apontado pelo IPNI. Entre eles estão o tipo e quantidade de argila presentes, a concentração de fósforo, a aeração e compactação do solo, a temperatura, o suprimento adequado de outros nutrientes essenciais, as propriedades radiculares da cultura e o pH do solo.

A deficiência de fósforo é observada em solos de baixa fertilidade e nos que possuem alta taxa de adsorção desse nutriente, a correção dos níveis de fósforo no solo pode ser feita através da fosfatagem, essa adubação deve ser planejada de acordo com a produtividade esperada.  De acordo com o Manual de Adubação e Calagem para os Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul (2016), método Mehlich-1 é utilizado para a extração de fósforo e potássio disponíveis no solo, os teores críticos de P são específicos para grupos de culturas, baseados nos diferentes níveis de exigência de disponibilidade dos nutrientes. De acordo com o teor de argila presente no solo, determina-se a classe de disponibilidade de P no solo, assim, definida a classe de disponibilidade, de acordo com a cultura em questão, faz-se a recomendação de P2O5, com base nos teores de P apresentados na análise química do solo.

Tabela 2. Interpretação do teor de fósforo no solo extraído pelo método Mehlich-1, conforme o teor de argila para culturas do Grupo 2 (culturas de grãos, exceto arroz irrigado; hortaliças, exceto as do Grupo 1; pastagens, exceto pastagem natural; frutíferas e gengibre).

As recomendações para suprir as quantidades ideais para o cultivo do milho, de acordo com a interpretação da análise de solo, considera-se o teor de fósforo e se é primeiro ou segundo cultivo.

Tabela 3. Quantidades de P e K necessários para correção para a cultura do Milho.

Além da adubação de correção, recomenda-se realizar a adubação de manutenção, essa adubação é recomendada através da estimativa de exportação dos nutrientes para os grãos, de acordo com Silva et al. (2016), para a cultura do milho, são recomendados para um rendimento de referência de 6 ton ha-1, 90 kg de P2O5 por hectare e para uma adubação de manutenção adicional são recomendados 15 kg de P2O5 por hectare.

A adubação correta do solo, a fim de suprir as exigências nutricionais das plantas é muito importante para proporcionar um bom crescimento e desenvolvimento das plantas na lavoura, e consequentemente, obter uma boa produtividade. A seguir, podemos observar as diferentes fontes de fósforo que temos disponíveis no mercado e os respectivos teores de P2O5.

Tabela 3. Diferentes fontes de fósforo disponíveis no mercado e teores de P2O5 solúveis.

 

Fonte: Mais Soja