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RS começa a colheita de soja 21/22

Preço da saca subiu de R$ 194,60 para R$ 195,95 na semana.

A cultura da soja avança no ciclo de desenvolvimento, e 1% das áreas já foram colhidas. Outros 10% já está em maturação. A cultura apressa o ciclo com a estiagem, e as perdas se intensificaram em regiões onde não ocorreram precipitações. Lavouras em estágios reprodutivos são as mais críticas no momento, representando 83% do total implantado. Os dados constam no boletim semanal divulgado pela Gerência de Planejamento da Emater/RS-Ascar, vinculada à Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seadpr).

O levantamento semanal de preços identificou cotação média da saca com variação de +0,69% em relação à da semana anterior, de R$ 194,60 para R$ 195,95. O produto disponível em Cruz Alta ficou cotado em R$ 202,00/sc. Há muita preocupação com relação aos contratos de entrega futura de soja nas cerealistas e cooperativas, pois as cláusulas contratuais são rígidas para casos de não entregar produto físico. Com isso, agricultores faturam seus estoques de safras anteriores para entrega, ou adquirem o produto, o que com o atual preço de mercado torna a situação dramática.

Veja como vai a cultura por regiões:

Na Fronteira Oeste, na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, mesmo com predomínio de áreas irrigadas em Uruguaiana, já são estimadas perdas de 15% devido as temperaturas elevadas que causam estresse às plantas, sendo que nas lavouras conduzidas em regime de sequeiro as perdas atingem patamares significativamente mais elevados com possibilidade de abandono de áreas nas próximas semanas caso o quadro de estiagem não se modifique.

Em São Gabriel, já são estimadas perdas de 50% no potencial produtivo das lavouras; início da colheita previsto para os próximos dias. Em São Borja, a perda média estimada já atinge 70% alcançando 100% em diversas lavouras onde foi solicitado o seguro Proagro no período. Caso chuvas regulares voltem a ser registradas nos próximos dias, apenas 10% das lavouras do município que se encontram em desenvolvimento vegetativo tem condições de aproveitamento com reflexo no potencial produtivo. Produtores com sistemas de irrigação relatam dificuldades para manter a irrigação com volumes necessários, havendo risco considerável de esgotamento das reservas hídricas antes do final do ciclo das lavouras. Alguns produtores de Maçambará investiram na aplicação de fungicidas, inseticidas e fertilizantes com ação antiestresse nas lavouras em fase vegetativa e em início de floração que foram beneficiadas com pancadas de chuva.

As lavouras de soja na Campanha apresentam sintomas mais evidentes do estresse hídrico devido aos reduzidos volumes de chuvas registradas em fevereiro. Este efeito da estiagem se intensifica principalmente nas lavouras com plantas em fases mais avançadas do enchimento dos grãos, com abortamento de folhas e vagens de forma mais significativa. As lavouras em fase final de floração e formação das vagens de maneira geral ainda mantém a coloração verde, porém dependem de chuvas expressivas urgentemente sob risco de sofrerem prejuízos ainda maiores que os observados nas áreas de cultivares precoces. Com clima seco predominante, redução das temperaturas e elevação da umidade relativa do ar a noite, a incidência de insetos-praga tem diminuído significativamente, inclusive os ataques de ácaros e tripes são menos intensos em comparação com janeiro, embora ainda seja necessário o monitoramento constante das lavouras. Muitos produtores aplicaram apenas uma dose de fungicida e inseticida, aguardando a ocorrência de novas precipitações para realizar a segunda rodada, considerando que a absorção dos defensivos pelas plantas é bastante comprometida na situação de estresse atual.

 

Produtores de Bagé, Dom Pedrito e Hulha Negra desenvolvem experiências com controle biológico de insetos e doenças, constatando boa eficiência com grande redução de custos além do menor impacto ambiental com a eliminação do uso de fungicidas e inseticidas. Com o preço da soja se aproximando de R$ 200,00/sc. e com tendências de continuar subindo, mesmo lavouras de muito baixo potencial produtivo recebem tratos culturais mais urgentes, com objetivo de garantir alguma receita para minimização do prejuízo.

Na de Caxias do Sul, áreas semeadas mais no tarde, pós trigo, nos Campos de Cima da Serra apresentam bom desenvolvimento e se encontram em floração, com leve redução na expectativa inicial de rendimento. Já as áreas semeadas mais no cedo e que se encontram na fase de enchimento de grãos e algumas em início de maturação, apresentam queda mais significativa de rendimento. A expectativa atual para a região é uma redução de rendimento em média de 35%. Produtores fazem controle de pragas, especialmente tripes e ácaros que nessa safra apresentam infestação acima do esperado.

Na de Erechim, 20% da área está em floração, 60% enchimento de grão e 20% maturação. Iniciou a colheita das primeiras áreas com variedades mais precoces que tiveram ataque muito intenso de tripes e ácaros; o rendimento em média é de 900 quilos por hectare. Ocorre muita debulha de vagens e, na mesma planta, há vagens mortas, maduras e verdes.

Na de Passo Fundo, a cultura está 25% na fase de floração e 75% em enchimento de grãos, já bastante prejudicada pela estiagem, com estimativa de 50% de perdas. Na de Frederico Westphalen, o cenário da soja segue preocupante, com perdas irreversíveis. As primeiras áreas colhidas estão confirmando a quebra drástica da produção e a má formação de grãos; 3% estão colhidas, 25% em maturação, 47% enchimento de grãos. Lavouras apresentam problemassérios de focos de doenças e ataque de pragas, consequência também da estiagem e das condições climáticas desfavoráveis ao uso de defensivos agrícolas, fazendo com que as perdas na qualidade e a frustração de safra seja ainda maior.

 

Na regional de Ijuí, a cultura segue sofre os impactos da estiagem, aumentando as perdas de produtividade e diminuindo o potencial de produção. Lavouras em estádio final de enchimento de grãos estão entrando em senescência antes de finalizar o enchimento do grão, prejudicando a qualidade final do produto e diminuindo drasticamente o potencial produtivo. Nestas áreas se observa aumento de morte de plantas, queda de vagens, queda de folhas e enrugamento do grão. Áreas implantadas em final de dezembro e início de janeiro têm queda acentuada de flores, permanecendo em estádio vegetativo por período maior. Continua o ataque de tripes nas lavouras, com grande necessidade de controle e monitoramento mais intenso. Produtores realizam aplicação de fungicidas nas lavouras com potencial produtivo que viabilize os custos da aplicação e dos produtos.

Na de Pelotas, a soja começa a sentir novamente os efeitos da falta de umidade nos solos, pois de 13 a 19/02 não aconteceram chuvas. Soma-se ainda, os dias com temperaturas elevada, sem nebulosidade, com taxas de evapotranspiração entre 5 e 6 mm por dia. O potencial produtivo da soja já está comprometido pela estiagem ao longo de todo o período do desenvolvimento. As perdas são maiores nas lavouras com cultivares mais precoces e com os plantios em final de setembro e início de outubro, cujo ciclo está bastante adiantado e as plantas apresentam número bastante reduzido de vagens. As plantas têm altura e mantem a coloração verde. Lavouras estão predominantemente em granação – 47%; outros 44% estão em florescimento, 8% em desenvolvimento vegetativo e 1% em maturação. Produtores sinalizam produtividades inferiores a 2.400 quilos por hectare.

Na de Porto Alegre, com chuvas regulares, estima-se produtividade de 2.800 quilos por hectare, podendo esta chegar a 3.300 quilos. Lavouras em estágio reprodutivo, com boa formação de flores, e muitas já estão em formação de vagem. As chuvas das últimas semanas melhoraram as condições das lavouras, apresentando bom desenvolvimento da cultura. A ocorrência de ácaro diminuiu com o retorno das chuvas e os controles realizados. Não foram encontrados esporos de ferrugem nas lavouras monitoradas. Foram realizados os tratos culturais para controle de doenças fúngicas. A área cultivada com soja teve um considerável acréscimo nos últimos anos, entrando como opção de rotação de culturas com o arroz.

Na de Santa Maria, as perdas de rendimento se intensificaram, sendo que 75% das lavouras já entraram nas fases críticas para déficit hídrico – floração e enchimento de grãos. O calor e a falta de umidade ocasionaram presença de tripes, exigindo monitoramento e controle. Outro fator importante a partir desse período é o monitoramento e controle da ferrugem asiática e outras doenças de final de ciclo (DFC). Em função da estiagem, há lavouras com grande abortamento de flores e vagens, além de morte de plantas de maneira generalizada. Esses danos são irreversíveis e trarão rendimentos muito abaixo do potencial previsto inicialmente para a cultura.

 

Na de Santa Rosa, onde foram implantados mais de 700 mil hectares, 53% das áreas estão em enchimento de grãos, 9% em maturação fisiológica e 1% foi colhido. As primeiras lavouras implantadas apresentam porte reduzido, baixa emissão de ramificações laterais, queda de vagens e morte de plantas em reboleiras, principalmente em áreas de solos mais pedregosos. As lavouras de ciclo mais longo e as implantadas em janeiro apresentam falhas de germinação e estabelecimento inicial. Além dos problemas com a estiagem, continua o ataque de ácaros e tripes, no entanto em geral não é realizada aplicação de acaricidas e inseticidas, porque a relação custo/benefício não compensa. A aplicação de fungicidas segue a mesma lógica, inclusive porque as condições climáticas não são favoráveis ao desenvolvimento de doenças fúngicas; e realizadas apenas em lavouras com potencial de produção de no mínimo 600 quilos por hectare. Alguns casos de áreas maduras não vale a pena gastar tempo e recursos com a colheita, dada a baixa produtividade e em parte delas está em andamento o corte da soja para fenação ou ensilagem, uma vez que não irão produzir grãos. Isso resolve a falta de alimentos para o gado, haja vista o consumo antecipado das reservas de silagem e fenos devido à falta de pastagens. A estimativa de rendimento baixou para 721 quilos por hectare. Continuam as comunicações de ocorrência de perdas para fins de cobertura pelo Proagro.

No Vale do Rio Pardo, na de Soledade, a maior parte das lavouras está nos estádios de florescimento, formação de vagens e enchimento de grãos; apesar da atual restrição de chuvas, o teor de umidade do solo continua em níveis satisfatórios para a maior parte das lavouras, que se desenvolvem normalmente. Nas lavouras onde os acumulados de chuvas foram baixos dia 12 a cultura começa a apresentar sintomas de estresse hídrico. Da mesma forma, no Alto da Serra do Botucaraí em grande parte das áreas o desenvolvimento é normal (perdas já ocorridas sem recuperação). Nessa região é alto o percentual de área em desenvolvimento vegetativo (replante de áreas e plantio tardio). Chuvas regulares nesta época são decisivas para manter patamares de produtividades satisfatórios. Continua o controle de plantas invasoras em áreas com semeadura tardia. Também foi realizado o controle de tripes e ácaros e as aplicações de fungicidas para o controle de doenças principalmente a ferrugem asiática.

 

FONTE: Por: AGROLINK –Eliza Maliszewski